quinta-feira, 16 de abril de 2009

Olhares


Quantas vezes você já viu um muro tão florido?
Já deve ter observado os muros pichados, os muros altíssimos das prisões, muros que criam fronteiras.
Já deve também ter visto os muros da degradação que dividem as pessoas e as rotulam de boas e más.
Um muro florido não nos chama tanto a atenção. Ele está lá, dócil, generoso, enfeitando a rua...Então, como não nos acostumamos a olhar para o que se apresenta gratuitamente, não percebemos que as flores estão ali para cobrir o muro e torná-lo mais belo, encher-nos de benevolências.
Como na canção de Chico Buarque, podemos, além de encantar-nos com a beleza do muro, imaginar e abstrair, fazer poemas "do lado de lá, tanta ventura..."
- Foto - Eloir Mário Marcelino - Local: Muro do Seminário de Santa Terezinha - Tietê/SP

quinta-feira, 2 de abril de 2009

A arte do encontro

Pessoas se reúnem para trocas; trocam mercadorias, conhecimento, alegrias, afetos e desafetos.
Reunir-se para trocas que nos dão maior conhecimento sobre nós, não há moeda no mundo que pague o valor dessa transação.
Em muitos países do Oriente é comum adultos e crianças se reunirem para tecer tapetes riquíssimos em detalhes, cores e significados. É de lá que vêm as mais belas tapeçarias, a persa e a indiana, caríssimas, mas de beleza inigualável. Muitos desses artistas, além de tecer tapetes maravilhosos, são discípulos de algum mestre que lhes passa conhecimentos sobre a arte da tapeçaria, espiritualidade e tradições. De geração em geração, seus conhecimentos vão sendo resguardados. São povos cuja singular identidade encanta aos ocidentais que, desde tempos remotos buscam beber de suas fontes.
Nós, aqui no Brasil, não temos tido esmero e cuidado com nossas tradições. Deixamos que nossos costumes vão se perdendo, sem dar-nos conta dos prejuízos dessas perdas. É quando derrubamos fogões à lenha (já cometi este crime!) que nos reuniam em volta do fogo em dias de frio para repetir velhas histórias do folclore local, ou quando deixamos de comemorar festas religiosas com seu espírito simbólico essencial e legamos ao consumo significado maior. Também não nos esmeramos em conservar na culinária os pratos simples que nossas mães e avós preparavam aos domingos para reunir a família: a bela macarronada com almôndegas ao sugo, com queijo mineiro ralado na hora de servir; polenta com frango ao molho; virados de feijão e feijoadas, ou os deliciosos quitutes da cozinha caipira. Delícias que deram lugar ao "fast food". Comemos rapidinho para sair rapidinho do restaurante e dar lugar aos que chegam apressadinhos. Também sou frequentadora desse tipo de restaurantes, não me excluo, não!
Acredito muito que ainda há famílias que se reúnem de forma tradicional, assim como tenho visto muitas pessoas se reunirem em oficinas e salas de arte e artesanato. Ainda bem, nem tudo se perdeu.
É maravilhoso ver mulheres que se encontram uma, duas ou três vezes por semana para aprender novas ou antigas técnicas de pintura, em tela e tecido; bordados, novas formas de fazer bonecas e bichos artesanais, caixinhas de madeira, cerâmica, mosaico, bijuterias, etc.
Aqui em Tietê/SP esses encontros etão se tornando costume no centro e nos bairros da periferia. Essas mulheres se reúnem e trocam conhecimentos, alegrias, tristezas e muito afeto, pois quem vai se permitir contaminar o sagrado de que se vestem esses encontros? Quem vai abrir mão dos benefícios terapêuticos dessas reuniões estimuladas pela arte e artesanato?


Comente aqui sobre suas lembranças, seus domingos com a família, sua arte, culinária, suas danças e suas músicas, tudo o que você gostaria pemanecesse como tradição para passar às novas gerações. Para os novos que estão chegando, vamos transmitir alguma coisa que possa ser maravilhosa de significados e símbolos de nossas tradições.
Comente o que quiser. Fale sobre as tradições da região onde vive ou já viveu.
Vamos criar este espaço para nos reunirmos virtulmente e usar de forma criativa a internet. E que nossas reuniões continuem a ser de corpo e alma também, não apenas cibernéticas.
Ou que seja apenas para conhecermos melhor o que faz morada em nós, o que somos
e pretendemos ser.