domingo, 14 de novembro de 2010

Uma viagem com retorno

Uma viagem com retorno...

Sente-se já a languidez do verão. Tardes intermináveis, relógios adiantados em uma hora, crepúsculos longos, sóis alaranjados e enormes se espreguiçam no horizonte. O verão é lindo e, se pensarmos nos países de inverno rigoroso, mais ainda amamos o verão brasileiro. A natureza foi pródiga quando se vestiu de brasilidade.
Recebemos de graça as maravilhas da Terra; faça chuva ou faça sol, faça frio ou calor, caia neve ou não, nos emocionamos diante das belezas naturais do nosso planeta. Respirar suavemente o ar puro e contemplar o belo são necessidades vitais.
Mas, e o reconhecimento por tamanha graça?
Não temos tido gratidão com as dádivas que recebemos, não refletimos ainda o suficiente sobre o desapontamento que estamos causando à vida. Há, sim, um movimento cíclico e natural para a adaptação do universo, há destruições cósmicas, leis naturais nas quais não podemos interferir. Nosso ínfimo papel diante da grandiosidade da criação é colaborar para que as nossas ações não interfiram de forma a prejudicar seus movimentos.
O calor está aumentando a cada ano. Cidades abafadas pelo concreto e pelo asfalto, poluição, consumo exagerado, desrespeito às matas, florestas e águas, ocupação ilícita de encostas de morros e montanhas, são apenas alguns dos motivos que provocam desastres e catástrofes naturais. Não bastam nossas aflições diante das notícias e do sensacionalismo da mídia, é pouco, muito pouco! Nossa pena e aflição de nada adiantam.
Temos todos nossa parcela de responsabilidade. Banimos das cidades os quintais e espaços arborizados, trocamos a sombra das tardes, o frescor das noites, a brisa mansa e refrescante dos rios, a chuva que caía na hora certa – notem, quantas vezes o céu fica carregado de nuvens, mas alguma coisa na atmosfera não deixa a chuva cair- trocamos o sono tranquilo pela volúpia dos bolsos e das Bolsas. Com o aquecimento da Terra, aqueceram-se também os interesses dos financistas.
Estamos na cômoda posição do esperar para ver.
A nave em que fazemos esta viagem tem um destino para nós, mas tem seu retorno previsto para as viagens das muitas gerações que hão de vir. Se o nosso egoísmo não impedir e se nos propusermos a colaborar seriamente em ações coletivas, se investirmos no meio ambiente parte dos lucros que obtivemos com o prejuízo que lhe causamos, os futuros viajantes poderão contemplar daqui desta nave as lindas noites de luar que os farão encantados e enamorados. Eles têm esse direito e merecem que não os privemos de vivenciar noites brancas e enluaradas como as que vivemos; poderão se inspirar com a lua e, apaixonados, clamar pela amada como fez o compositor Villa-Lobos em sua sinfonia Floresta do Amazonas. Separei alguns dos lindos versos da Melodia Sentimental que faz parte da bela sinfonia:
“Acorda, vem ver a lua, que dorme na noite escura, que fulge tão bela e branca, derramando doçura, clara chama silente, ardendo o meu sonhar! / As asas da noite que surgem e correm no espaço profundo... Ó, doce amada, desperta! Vem dar teu calor ao luar.”
Jornal Imprensa – Tietê/SP

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Piratas





Minha poesia

desce a serra

ao encontro de rios

mares

navegadores

degredados e

descobridores.

Vai

como vela que se junta

a piratas que barganham tesouros

só pela alegria de ver nascerem poemas.

Hinos

Um vellho sino de bronze
anuncia o Ângelus
um santo conta as conchas
que batem nas águas.
É o hino à Sagração.

Música clássica - Sinos Russos

True Beauty

quinta-feira, 4 de março de 2010

A Flor do instante


Caem n´água meus assombros
Cai a flor do instante
Caem a saudade o sonho o arroubo
de tudo o que já foram meus desejos.

- Versos de um poema publicado em
meu novo livro - Filhos da Correnteza.



Palavras

Palavras mudam rumos
entrego a elas o poder de rolar-me
entre as pedras da correnteza.
Sem saber para onde vai
por onde rolar,


minha poesia
segue o leito onde se lançam as flores
do mal e do bem.
O fluir e refluir das palavras
me levam até você
mudam nossas margens
e...
alargam nossos leitos.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Ouro Preto


Subir
subir em direção a uma igreja
que do alto me convida a contemplar
os verdes vales das Minas Gerais

onde vale olhar para o nada,
abismo onde se resguarda do mundo
o templo do ser

Vales
verdes vales
ocultos por trás da montanha
onde resvalam em mimosas flores
meus pés cansados.

Aos Meninos

Aos meninos
que se banharam nas mornas águas
placentárias do meu ser.

Que dom é esse
de ter em si um rio
onde se banham os meninos?

Livro - Filhos da Correnteza - Regina Gaiotto
Scortecci Editora - Livraria Cultura e Asabeça e Livraria da Lua
e com a autora.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O que é Poesia?




Poesia
um saber que não sabe
um dizer que não diz.
Vem
de onde aflora o não ser.