segunda-feira, 14 de março de 2011

Vento


Vento que balança as palmas do coqueiro
e de Portugal traz-me suas velas.
Vento, o seu presságio não é o primeiro,
hoje a solidão me leva a navegar,
viver não é mais preciso...
Como discreta nau lusitana
irei, na solidão, ao vento.
Ventos longínquos que a dor conhecem
pois que navegaram muito longe, mar adentro,
em suas velas sopraram seus lamentos
marujos, poetas, descobridores, aventureiros...
E das velas, traz-me, ó vento
de Camões alguns versos de alento:
"Tão brandamente os ventos os levavam
Como quem o céu tinha por amigo:
Sereno o ar e os tempos se mostravam,
Sem nuvens, sem receio de perigo...
O promontório Prasso já passavam,
Na costa de Etiópia, nome antigo,
quando o mar, descobrindo, lhes mostrava
Novas ilhas que em torno cerca e lava..."
E o sopro nas palmas da poesia
que me mostra o Céu por amigo
descobriu o mar
que em mim habita
e ilhas que do naufrágio me salvam ainda.
Solitárias ilhas onde acolho náufragos
navios, barcos, velas...
e os corações ainda ardentes
dos bravos navegadores
e seus lusos marinheiros.

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