sexta-feira, 10 de junho de 2011

Trovas ao amor

Não busquei na vida o amor
que me desse apenas prazer,
busquei o que a vida me desse
e nela, sem que eu quisesse,
encontrei o prazer e a dor.

Foi real o amor que vivi?
Dele vi a clara chama
e nela meu coração aqueci.
É real, por fim a flama
da luz que em meu peito acendi?

Se não foi, valeu a pena,
porque amar com prazer apenas
é jogo, fugaz brincadeira,
termina quando se apagam
as luzes na cumeeira.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

A terra vista do espaço




"Quando a terra é avistada da Lua, não são visíveis, nela, as divisões em nações ou Estados. Isso pode ser o símbolo da mitologia futura. Essa é a nação que iremos celebrar, essas são as pessoas às quais nos uniremos." - Joseph Campbell - O Poder do Mito

Que é que anseias, ó, homem?

Dúvidas são minhas certezas mais profundas, são tantas, que mais vivo a me perguntar do que a encontrar respostas. Hoje a minha dúvida mais angustiante é se devo ou não escrever.
Isto porque projetamos o que somos e pensamos ao falar e escrever. Palavras ditas na maioria das vezes ficam por não ditas, mas o que se escreve não se apaga, é como sentença. Quem escreve se expõe em muitos aspectos, consciente e inconscientemente; a tarefa é ainda menos fácil se o tom for o da crítica.
Ao criticarmos alguém ou alguma coisa, sabemos que estamos nos criticando, pois longe de sermos intocáveis, somos espelhos e refletimos o outro e suas vulnerabilidades.
Mas escrever é uma necessidade tão forte que deixamos de lado o medo e mergulhamos nas ideias para dar-lhes vida com a palavra.
Hoje estou tentando não ser tão intransigente com o homem, esse ser que ainda não aprendeu como faz para habitar o planeta onde habita. Todos nós, sem exceção, ferimos a Terra: lixo de toda espécie, desperdício, produtos químicos, agrotóxicos, armas atômicas e de fogo, violência contra os animais, violência contra o próprio homem, poluição das águas e do ar.
Hoje espero não criticar, apenas suplicar...
Há longos anos temos convivido com as queimadas nas florestas e nas lavouras. Não é preciso conhecer inteiramente as leis que proíbem esses procedimentos para sabermos que os abusos existem e são muitos. Se formos queimar parte de toda a cana de açúcar, por exemplo, que está sendo plantada para servir aos interesses financistas do nosso governo e dos Estados Unidos, em muito pouco tempo ficaremos privados de boa soma de oxigênio.
Muitos de nós estamos a nos perguntar, não existe outra forma de tirar a cana dos canaviais, precisa mesmo do fogo? É necessário prejudicar tanto a qualidade do ar que já está tão seco? E os pulmões das crianças, dos idosos, dos enfermos, nosso sistema respiratório, aguentam? Não nos esqueçamos de que o ar está sendo contaminado também por agrotóxicos poderosíssimos. As grandes e imensas lavouras de cana de açúcar, soja, tomate, laranjais e outras são pulverizadas por aviões com pesticidas de uso já proibido nos Estados Unidos e União Europeia.
Os alimentos orgânicos, hortaliças, legumes e frutas se contaminam com a pulverização; os ventos levam o veneno a esses plantios até longa distância.
Que é que ansiamos com tais práticas? Queimadas, devastações, contaminações químicas, desrespeito a códigos florestais, que anseio é este que faz do homem o maior depredador do seu próprio habitat?
Enfim, indago e suplico:

Contempla o céu, ó, homem,
a atmosfera
a terra que se desespera e
pede clemência.
Contempla o planeta onde habitas,
não abras mais
clareiras em seu pulmão,
já é demais!
Que é que anseias, ó, homem,
que é que anseias
ao destruíres os rios, as matas
a flora e os animais,
que é que anseias
com tuas pulsões mortais?