quarta-feira, 6 de maio de 2015
A noite escura da alma
Atrevi-me em fazer minha tradução do poema do místico João da Cruz , Espanha, século XV.
Assim como São João da Cruz, todos nós sofremos as dores da noite escura da alma. A travessia é dolorida, mas dela podem nascer belos poema, lírios brancos, flores de amor!
A noite escura da alma
Na noite
escura e sombria,
a chama do
amor ardia em meu peito.
Em silêncio,
quando tudo era paz,
fugi de casa.
Guiado por
uma lanterna de luz radiante,
protegido
pela noite,
saí por uma
escada secreta, rapidamente.
O véu que me
envolvia
ofuscava-me
o olhar e, na quietude,
como se
estivesse partindo,
voltei meus
olhos para dentro de mim....
Ó noite
escura de minha alma,
tu foste o
meu guia,
me
iluminaste mais que o sol nascente.
Ó noite, me
levaste até Deus
e a Ele me
entreguei como a amada se entrega ao amado.
No retiro
secreto, além da vida e da morte,
sem guia,
sem luz,
abandonei-me
ao fogo do meu coração
que ardia
mais que o sol do meio-dia.
Num lugar
onde ninguém mais ousaria chegar,
esperando
pelo Meu Bem, debaixo de cedros,
com o vento
soprando dos altos muros da fortaleza,
roçando meus
cabelos,
tocando
suavemente cada sentido, cada parte de mim,
perdi-me pelo meu Amado.
Como a
neblina torna-se a luz da manhã,
a dor em meu
peito foi dissipada na escuridão
e
transformou a névoa e o sofrimento em lírios brancos,
claras
flores de amor.
Ó noite
escura de minha alma, tu foste meu guia,
me
iluminaste mais que o sol nascente!
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